Criado por uma família humilde, Ricardo, vulgo Dinho, era uma criança feliz, sua mãe, dona Geisa, trabalhava como faxineira e passava roupa para sustentar a casa, seu Aristides, seu pai, era servente em um prédio na localidade. Todos trabalhavam muito próximos para poder cuidar do Dinho e não ficar a mercê dos problemas de locomoção que estão presentes em toda metrópole.
Dinho tinha 8 anos e era aquela criança levada, brincalhona, tinha energia para dar e vender, como dizem, no fim do dia era um comilão, tinha que repor a energia gasta.
Um belo dia, durante um almoço em família, nessas fofocas familiares nas quais as crianças nunca entendem de quem estão falando e sobre o que, Dinho ouvira que "comia igual a um taurino", e ouvia risadas.
Automaticamente Dinho pensou, "Será que sou taurino? Eu como bastante!". Dinho não tinha ideia do que significava ser taurino mas sabia de uma coisa, taurinos comemm muito e, ele comia muito. Bingo!
Era uma quarta-feira, daqueles dias de verão que sua mãe estava em casa depois de trabalhar na faxina e passar milhões de kilos de roupas, Dinho achou que aquele momento seria o melhor para perguntar e assim o fez: "Mãe, eu sou um taurino?". Dona Geisa, nos seus cinquenta e tantos anos, morta de cansada pelo dia, apenas querendo assistir a novela das 19hs, respondeu sem pensar muito : "é sim, meu filho".
Foi o suficiente para deixar aquela criança feliz, "Sou um taurino! Sou um taurininho!!", feliz respondia quando falavam que ele comia muito e, quando respondia, as pessoas sorriam e acenavam concordando.
Assim Dinho prosseguiu, ficara feliz em ter a sua identidade astrológica, lia jornais, via na internet como era ser taurino, começou a ser teimoso justamente por isso, "Sou taurino, logo, sou teimoso".
Já tinham se passado 6 anos desde o dia que sua mãe confirmara sua identidade astrológia, como era muito criança, ninguém dava muito atenção a isso, mas agora, era diferente. Tudo que falava as pessoas olhavam e prestavam atenção, se para educar, para criticar ou apenas por curiosidade.
Um belo dia, ele, conversando com a sua tia, soltou isso "Sou taurino", sua tia franziu a testa de forma que não tinha entendido, "É o que, Dinho?", ele repetiu, "Sou taurino". Sua dia sorriu, engasgou levemente, pigarreou limpando a garganta e disse, "Olha Dinho, você nasceu que dia e mês?" ele na hora falou " 30 de junho". Sua tia Joana carinhosamente o levou até o jornal e explicou que as datas embaixo dos signos eram os periodos em que as pessoas nasciam e se enquadravam naquele signo e, pela data dele, ele sera do signo de Câncer!
O mundo do Dinho caiu, ele não ouvia mais nada, só repetia "não sou taurino, não sou taurino...", a Tia Joana poderia jurar que lágrimas caiam de seu rosto, ficando triste e assim, Dinho continuava "Não sou Taurino, que destino cruel, o que a vida fez para mim? Por que eu?".
Sua tia olhou para ele e sorriu dizendo "Viu? Você já está se adaptando ao seu signo!"
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