Alfredinho, como gostava de ser chamado, era uma criança comum, hábitos naturais esperados para uma criança daquela idade. Uma única peculiaridade separava Alfredinho das deais crianças, ele tinha o hábito de contar os gols que fazia durante os jogos com seus coleguinhas.
Chegava no ponto de, a cada jogo, falar: "Agora estou somando 63 gols", "Agora cheguei à marca de 100 gols".
O tempo passou, Alfredinho, agora Alfredo, no auge dos seus trinta e poucos anos, não jogava mais bola, a contagem dos gols ficou em um passado distante, nem lembrara mais quando foi que parou de contar.
Porém, com seus vinte e poucos anos, depois de um tempo dirigindo, quando passou por um pardal eletrônico, pensou: "Quantas multas não tomei nesses anos? Isso é uma vitória! Praticamente, um gol!". A partir desse momento, Alfredo passara a contabilizar quantos pardais ele passava sem levar multa. "Agora são 50 pardais sem multa!", "Cheguei a marca de 300 pardais, sem qualquer multa".
Sim, Alfredo havia substituido a contagem de gols por contagem de pardais e, a cada fim de semana, a sua contagem disparava! Que alegria!!
Em um dado momento, Alfredo recebe em sua casa um comunicado falando que, incrivelmente, ele levou uma multa por excesso de velocidade. "Como assim?" Pensou.
Indignado ao extremo, Alfredo adentrou o departamento de trânsito para reclamar da multa, o motivo era simples "Você tem ideia de quantos pardais eu já passei sem sequer levar uma multa? 467 !! Entendeu?? Por isso eu quero que essa multa seja removida do meu nome!"
O empregado do departamento de trânsito, perplexo, só teve condiçoes de responder "Isso não importa, nesse ai vc falhou! Melhor reduzir a contagem para 466".
Coube a Alfredo então realizar o seguinte "Entao é isso! Eu preciso ser perfeito! Assim nunca mais serei multado!".
Já se passaram 10 anos desde o dia no departamento de trânsito, Alfredo já possui ansiedade, teve burnout, faz terapia semanalmente e consultas com psiquiatra mensalmente e.... deixou de dirigir, só anda agora com carro de aplicativo.
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