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Cuidado com o CHEPALLA!!

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Pode-se dizer que Aslam surpreendeu a todos ao seu redor, crescido na favela, mal tinha o primário e, em um dado momento, aproveitou a oportunidade e conseguiu um emprego em um banco do estado. Casou-se com uma bancária, teve dois filhos, pode-se dizer que conseguiu chegar em um lugar que poucos imaginariam. “Como uma criança que corria atrás de pipa pra cima e para baixo, não queria estudar, teve tanta sorte?”. Rumores corriam pela favela que ele só podia ter feito algo para ter aquela situação. Verdade, para quem não tinha praticamente o que comer em casa, chegar a ser funcionário do estado e casar-se com uma outra funcionária, era uma vitória improvável. Aslam tinha vários hobbies, pipa, balão e fazer trilha, todos tinham lugar no seu coração, mas era com o capô do carro aberto e olhando um motor, que ele se sentia vivo. Quis o destino que uma revista de automóveis famosa na época, chegasse em suas mãos e, lendo uma daquelas “Cartas do Leitor”, Aslam teve um sobressalto “É i...
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Criado por uma família humilde, Ricardo, vulgo Dinho, era uma criança feliz, sua mãe, dona Geisa, trabalhava como faxineira e passava roupa para sustentar a casa, seu Aristides, seu pai, era servente em um prédio na localidade. Todos trabalhavam muito próximos para poder cuidar do Dinho e não ficar a mercê dos problemas de locomoção que estão presentes em toda metrópole. Dinho tinha 8 anos e era aquela criança levada, brincalhona, tinha energia para dar e vender, como dizem, no fim do dia era um comilão, tinha que repor a energia gasta.  Um belo dia, durante um almoço em família, nessas fofocas familiares nas quais as crianças nunca entendem de quem estão falando e sobre o que, Dinho ouvira que "comia igual a um taurino", e ouvia risadas.  Automaticamente Dinho pensou, "Será que sou taurino? Eu como bastante!". Dinho não tinha ideia do que significava ser taurino mas sabia de uma coisa, taurinos comemm muito e, ele comia muito. Bingo! Era uma quarta-feira, daqueles ...
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  Beatriz era uma mulher forte, direta, daquelas que fora moldada pelo mundo conforme os desafios que o mundo a obrigava a viver. Muito consciente das suas obrigações, tanto familiares quanto corporativas, Bia, como era carinhosamente chamada, não era uma pessoa exatamente sutil. Com a sua personalidade forte, quisera o destino, que é algo que ninguém acredita, mas não se acha um que duvide que exista, que ela assumisse um papel importante na área corporativa do órgão em que trabalhava. Sempre pronta para briga, indo de 0 a 100km em menos tempo que qualquer carro de fórmula 1, ao mesmo tempo, sendo sempre carismática e brincalhona com todos, Bia conquistou todos. Tomava decisões diariamente como quem tomava um cafezinho assim que chegava na empresa, de forma corriqueira e assertiva. As amizades de Bia extrapolavam o departamento onde trabalhava, era conhecida por onde passava e todos, sem exceção, sabiam da sua personalidade forte, ainda assim, sabe-se Deus como, era querida por to...
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Alfredinho, como gostava de ser chamado, era uma criança comum, hábitos naturais esperados para uma criança daquela idade. Uma única peculiaridade separava Alfredinho das deais crianças, ele tinha o hábito de contar os gols que fazia durante os jogos com seus coleguinhas.  Chegava no ponto de, a cada jogo, falar: "Agora estou somando 63 gols", "Agora cheguei à marca de 100 gols".  O tempo passou, Alfredinho, agora Alfredo, no auge dos seus trinta e poucos anos, não jogava mais bola, a contagem dos gols ficou em um passado distante, nem lembrara mais quando foi que parou de contar. Porém, com seus vinte e poucos anos, depois de um tempo dirigindo, quando passou por um pardal eletrônico, pensou: "Quantas multas não tomei nesses anos? Isso é uma vitória! Praticamente, um gol!". A partir desse momento, Alfredo passara a contabilizar quantos pardais ele passava sem levar multa. "Agora são 50 pardais sem multa!", "Cheguei a marca de 300 pardais, s...
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O Técnico da Cafeteira Era mais um dia de trabalho; dentro de uma sala, eu estava verificando os chamados quando uma usuária chamada Andrea que, posteriormente, virou amiga, adentrou a sala esbaforida, falando em altos brados:  "Vitor, preciso de ajuda, vem, rápido!" Na minha área de atuação, quanto mais rápido se atende uma emergência, menos problema deixamos acumulado e, claro, maior credibilidade nos dão. Perguntei, ainda me refazendo do susto da sua entrada abrupta na sala:  "O que houve? O que aconteceu?" Andréa apenas balbuciava de forma repetitiva as mesmas palavras: “Vem, rápido! Preciso da sua ajuda!"  Sem alternativa, levantei-me rapidamente e a segui pelos corredores tortuosos da empresa. Cheguei a pensar em deixar migalhas de pão pelo chão para saber como voltar mas me lembrei que trabalhava lá há anos, não havia como me perder, "infelizmente", um pensamento intrusivo completou.  Ela entrou correndo na sala de reuniões, pensei automaticame...